sexta-feira, 12 de junho de 2015

Das faces do preconceito

 Ela levantou cedo, animada, pronta para começar o dia.  Doze de junho.  A cama vazia mas o coração funcionando.  O amor precisa saber enfrentar a distância dos turnos, plantões e horários de trabalho trocados.  Quando estivesse com o namorado de novo faria alguma coisa pelas convenções.  

Mas antes havia outro grande amor para cuidar:  rabo abanando, pulos e muita baba.  Sua cachorrinha enlouquecida, esperando a rotina matinal de carinho, brincadeiras e biscoitos.  Enquanto pulavam no quintal, ela disse:

- Quem é minha namorada? Quem é minha namoradinha?

A cachorra respondeu com uma lambida no rosto da humana.  A vizinha, que passava pelo portão, parou:

- Cruzes, Deus me livre! Como que você fala uma coisa dessa? Namorar uma cachorra, isso é pecado!

- É só brincadeira, Dona Dalva.

- Nem brinca com uma coisa dessas!  Ela é uma "feminha", se ainda fosse um cachorro!

Feliz Dia dos Namorados para quem ama sem preconceitos (para quem tem preconceito também, porque o amor transforma)